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Tem o tremor o sabor da tua luxúria
e a ternura a umidade da tua paixão?
Por acaso a brisa tem a tua carícia
e o vento a força da tua voz?
A chuva é como teu cabelo solto
e teu beijo como o orvalho na flor?
Teus olhos são a luz do meio dia
e teu abraço o estrondo de um canhão?
Teu umbigo é uma ilha de sal
no meio de teu ventre de papoulas?
Teus dedos são raízes noturnas
que saem de teu corpo para ancorar-se em mim?
Estou vivo ou morto quando te vejo?
E depois de ti, o que há?
E se teu coração de sino
deixa de ser um trovão de domingo nas minhas mãos
e outras mãos o fazem soar numa fúria de quinta feira,
poderás seguir me amando?
E eu te amarei o mesmo?